Artigo do dia!!! “Quando a Fé renova a Razão”
Com a Jornada Mundial da
Juventude Católica, tivemos o prazer e a felicidade de conhecer o Papa
Francisco, um homem sábio, que, mesmo ao defender sua crença, não nos impôs um
discurso fanático e fechado com o objetivo de convencer nem converter, muito
pelo contrário, trouxe um forte apelo ao esclarecimento usando o diálogo com
sinceridade, demostrando que Fé não é propósito, embora todo
propósito deva ser imbuído de fé. Percebemos também que sua honrosa passagem
nos faz lembrar que o exemplo, se não
transforma, no mínimo motiva as pessoas à tomada de novas decisões em busca da
compreensão da realidade da vida e da razão da existência. Confesso que mesmo
sem ser católico fui tocado pelo amor do Papa.
Quando falamos em razão da
existência, é porque justamente essa “razão” do mundo de hoje, voltada para o
utilitarismo pragmático que corre atrás do dinheiro, está sendo colocada em
xeque, uma razão que favorece a coisificação das pessoas e a divinização das coisas,
que valoriza o ter, explorando, corrompendo e vilipendiando o Ser. Essa razão deve
ser repensada! Estamos vivendo na era da ciência, porém com muitas incertezas,
mesmo sabedores de que a verdade não tira férias, bem
como de que ciência sem fé não é ciência. É necessário entender que é da
ciência achar; assim como é da filosofia buscar; e como é da fé acreditar, para
assim transformar.
A visita do Papa ao Brasil me parece muito
significativa, pois, no momento em que a sociedade brasileira pede renovação no
comportamento dos dirigentes, ele nos lembra, de maneira categórica, que
valores universais não saíram de moda, e que é preciso uma juventude
mobilizadora em busca de um BEM maior e comum, como forma de projetarmos
melhorias futuras, moldadas em uma ética elevada e sem uso de violência,
porquanto nós, jovens, temos que ser cientes de que o novo, o absoluto, o real,
a essência, o imutável, enfim, o atemporal, advém-nos na proporção de nossa busca
com confiança, convicção e certeza, ou seja, nossa fé.
A juventude brasileira precisa ter em mente que a
fé é paciente, persiste e inteligente ilimitadamente; e quem a tem em grau
significativo realiza. Caso contrário, continua falido, e nós não temos o
direito à falência social, visto que residimos em um país laico, com muitas
riquezas que nos envolve, principalmente a riqueza cultural. Precisamos ter em
mente que o comportamento ético não é mais uma opção disponível e sim uma
imposição necessária para a nova sociedade que queremos. Nossa fé cresce na
medida em que nos autoconhecemos; e deve estar depositado naquilo que tem
início, meio e fim, em nós mesmos. Começamos o processo de mudança na
sociedade, agora precisamos persistir com a devida clareza, para através da
luta consciente e cidadã, chegarmos ao fim projetado, principalmente quanto à
corrupção galopante que evidenciamos em nosso país.
Penso que é importante estamos atentos para não
confundirmos Fé com crença, pois hoje em dia é comum tal confusão tomar conta
das discursões acaloradas e sem propósitos. Dentre as diversas crenças do ser
humano existem: a crença pela fascinação, a crença pela razão e a crença pelo
sentimento. Na crença pela fascinação, ele, o ser humano, como um ser fanático,
diz crer no que as pessoas em que ele crê lhes dizem para crer, por
conseguinte, vive afirmando exageradamente tudo sobre determinada coisa sem
saber e sem sentir; ou como ateu, vive negando exageradamente tudo sobre
determinada coisa sem analisar para compreender e sem praticar para sentir. Na
crença pela razão ele, como um ser racional, diz crer no que É; crer no que
deve ser; e nada nega ou afirma do que possa ser. E na crença pela sabedoria ou
sentimento ele, como um ser sábio, sentinte ou senciente, diz crer no que o seu
sentimento lhe diz para crer.
Fé significa grau máximo de merecimento; ela preenche o vazio onde o
intelecto não basta. Porém, atualmente, diante de tantos descompassos sociais,
e observando na história o fato de que toda nação que não investe em educação vê
crescer crendices no seio da sua sociedade, criando com isso a possibilidade da
intolerância se tornar instrumento da guerra. Com toda essa avalanche, o ser
humano sem a devida e apropriada educação, se torna cidadão pouco inteligente,
propagando mais crença do que sentimento, mais arma do que instrumentos, e mais
ego do que Consciência. A razão rejeita a ilusão explícita, a paixão estúpida e
a crença cega; bem como o místico gratuito, mas não sem análise.
Devemos estar renovados, pois quem diria que lá no fim do mundo, no
cantinho da América do Sul, poderia sair um líder da maior religião ocidental,
com tamanha força moral, para renovação da fé com a clareza da razão. Vou
confessar a vocês, eu sempre soube que a Luz parte do Ocidente para o Oriente.
É a boa nova sul-americana! Assim, precisamos também, com a força moral da
juventude brasileira, renovar a democracia, implementando uma ética humanista
onde o ser humano seja o fim, e que o dinheiro seja o meio, e nunca o
contrário. Devemos retomar a máxima: “Penso logo existo” para abandonar o
pragmatismo que diz ‘consumo logo existo’.
Bem vindo, aventurado Papa Francisco da Fé! E que
possa surgir da juventude brasileira, outros Franciscos com fé, razão e empiria
para a nossa transformação. Afinal, aquilo que o empírico é para a ciência, a
fé é para a religião e a razão é para a filosofia. Contudo, a fé é o resultado
final daqueles que desejam com vontade, refletem com consciência, e agem com
ciência. Viva a revolução consciente!!! Tenho dito!
Gel Varela
gelmahatma@hotmail.com